Sala dos 18 meses

Este projecto apresenta, no nosso entender, duas facetas aparentemente distintas mas que se interpenetram e completam.

Por um lado, e, de um ponto de vista mais formal, temos o projecto curricular de sala como um “instrumento” de gestão curricular, um elemento clarificador da nossa acção educativa e que parte das decisões quer do projecto educativo, quer do projecto curricular de escola, adaptando-as a este grupo especifico.

Por outro lado, e, de um ponto de vista mais “criativo”, temos tudo o que vivenciamos efectivamente com o grupo.

Podemos dizer que o projecto se vai construindo por etapas e, assim temos:

Primeira etapa – Envolve o “de onde partimos”, ou seja, o momento muito particular de crescimento em que se encontram as crianças do grupo, tendo em atenção a sua faixa etária;

Segunda etapa – Envolve o “por onde vamos”, tendo por base as áreas curriculares, que se expressam sobretudo através do conjunto de experiências vividas pelas crianças, para que estas tenham completas oportunidades de crescimento e de construção de personalidade, quer físico quer afectivo e social;

Terceira etapa – Envolve o “como caminhamos”, ou seja, a forma como são concretizadas com o grupo as nossas intenções pedagógicas. Assim:

recreioSão as histórias, as canções, os pequenos poemas que dão força ao que se vamos construindo com o grupo.
Elas são o mote das experiências e descobertas que cada uma das crianças vai fazendo. Experiências essas que farão parte do seu currículo de vida e de aprendizagem, agindo e influenciando a estruturação da sua personalidade.

Começámos com uma pequena história “A Galinha”, depois veio a história “O Coelho”. Depois e, um pouco por acaso veio “A História da Carochinha” e, é esta a que mais está a marcar as vivências do grupo.

Com as histórias vieram muitos animais, o coelho, a galinha, o galo e o pintainho, o porco, o cão, o gato, também o morcego, a pulga, o elefante... e, fomos descobrindo os seus nomes e alguns dos seus hábitos, por exemplo, onde vivem e como, o que comem, como dormem... foram sendo notadas algumas das diferenças e das semelhanças, entre eles e também entre eles e nós, pessoas.

A Carochinha, trouxe a vassoura, quis casar e ao procurar noivo introduziu outros animais que as crianças passaram a conhecer de forma mais “íntima”, o boi, o gato, o rato. A Carochinha trouxe ainda aquele algo que torna uma história especial, para uns é a moeda, para outros é a vassoura.

Estas histórias foram dando espaço a canções cujo tema central é cada um dos animais por elas apresentados. Também vão surgindo canções de índole mais tradicional como “O Barquinho Ligeiro”, “Olha a Bola Manel”, ...

Os jogos motores, muito importantes nesta idade são também uma constante. Os animais deram origem a jogos que envolvem ritmo, movimento, sons e deslocações.

recreioMas o trabalho com o grupo não fica por aqui, a expressão plástica também está presente em muitos dos momentos vividos, a digitinta, as canetas de filtro, a pasta de farinha, são alguns dos exemplos.

Neste preciso momento e sem deixar a história da carochinha de lado, surgiu uma nova história que irá com certeza despoletar novos conhecimentos é a “História dos Contrários”. Esta história é mais exactamente, um conjunto de pequenos poemas em que os protagonistas são também animais que de forma divertida vão fazendo notar alguns dos muitos “contrários” que existem no dia a dia, por exemplo, o grande/pequeno, o forte/fraco, o bonito/feio, o bom/mau...

A relação com o outro, quer com o adulto quer entre as crianças é fortemente envolvida em todo o trabalho realizado, ou seja, a “questão” da afectividade é sempre o ponto de partida para todas as situações vivenciadas. A relação com a família é outro dos aspectos que não descuramos, tentando que os pais e outros familiares se sintam bem vindos e se envolvam no trabalho com o grupo sempre que lhes seja possível, é disso exemplo a actividade dos “pezinhos”, em que cada criança com a ajuda do adulto fez o contorno do seu próprio pé, depois os pais foram convidados a fazer o mesmo, trouxeram para a sala o resultado do seu “trabalho de casa”, que colocámos então junto dos pés das crianças...

Muito fica por dizer, sobretudo se pensarmos no que se sente quando se trabalha com crianças tão pequeninas. Tudo isto é apenas uma gota no que se vive no dia a dia na sala dos dezoito meses.

Sala dos dezoito Meses
Maria e Milai